domingo, 11 de novembro de 2007

Fotografias

Estou deitado na minha cama, rodeado de albuns de fotografias antigas. Há muito que não olhava para elas. Como o tempo passou...
A preto e branco, pequenas e grandes. Fotografias que me transportam para o passado, ao qual não me recordo, mas que decerto deve ter sido fantastico. Tento a todo o custo, recordar-me, olhando para elas, de alguns momentos, mas não consigo.
Foi então que decidi, pegar no portatil, e escrever algo, sobre o que estava a sentir. Não consigo, e por mais que tente, não vou conseguir descrever por palavras, o que tão fortemente estas fotografias são importantes para mim.
Foi criança, adulto sou. E nesta passagem o que restou. Vivencias, experiencias, abandonos... E agora olhando para trás, tenho saudades de mim, acima de tudo porque quero viver novamente a essencia de ser criança.

...a minha arvore de natal

Adormeci enrolado numa manta gasta pelo tempo. Naquele chão frio de pedra, onde de dia se caminhava para trás e para a frente, numa correria louca, das mulheres da minha familia. Antes de ter adormecido, penseicomo seria se fosse igual aos meninos que frequentam a escola. Boas roupas, grandes casas, comida farta na mesa... Sabia que esse mundo não me pertencia, e não culpava ninguem por isso. Cada um tinha o que tinha, e teriamos de saber valorizar isso. Palavras sábias do meu pai.
Era decembro e o natal estava á porta. Adoro o natal. Toda a magia que a epoca envolve, a arvore, as prendas, a familia reunia, e o famoso bacalhau...
Mas esse não era o natal habitual na minha casa. Claro é que festejavamos o natal, mas sem grandes coisas, apenas estavamos acordados até mais tarde, porque era a celebração do menino Jesus. Não havia prendas, e até a comida era igual...
Sempre sonhei em ter uma prenda na arvore de natal. Todos os anos fazia uma. Meu pai trazia um pinheiro pequeno, e eu e os meus irmãos com corda e pinhas que apanhavamos no campo enfeitavamos a nossa arvore de natal. Ás vezes sentava-me á frente dela, e ficava ali a olha-la.
Mas sabia que debaixo dos seus troncos, não iria encontrar presentes.
Mas não ficava triste, pois ja sabia que era assim, e mesmo isso não tornava o nosso natal menos especial.
E foi nestes pensamentos que adormeci, enrolado naquela manta gasta pelo tempo, naquele chão frio, a olhar a minha arvore de natal...

Suicídio

Naquela noite fria, acordei...
Sentei-me perto da janela da janela do meu quarto, olhei a lua, e ali fiquei. Quieto.
Perante tamanha altivez, senti-me pequeno. Era Domingo, não confirmei horas, mas deviam ser sensivelmente umas 4 da manhã. Todo o silencio, fazia eco nos meus ouvidos. Tinha sido um dia comprido e dificil, no entanto não me sentia cansado, mas apenas ausente. Encostei levemente a cabeça ao vidro, daquela janela grande e fria. Derrepente tocou o telefone. Não tive forças para ir até ele, para ver quem estava do outro lado, e sinceramente não estava interesado em falar com ninguem. Queria estar ali quieto.
Tinha, ainda nas minhas poucas forças, acendido um vela, onde coloquei no parapeito da janela. Por sorte tinha levado os cigarros para ali, e aproveitando aquela chama pequena acendi um cigarro.
Recordei lentamente alguns excertos da minha vida. Como pequenos filmes, passando diante dos meus olhos, cada vez mais pessados. Queria escrever algo, mas não me apetecia levantar, e pensar naquilo que possivelmente iria escrever. Preferi não o fazer. Fumei aquele cigarro lentamente. A sua cinza cai no chão do meu quarto. A sombras provocadas pela vela, a certa altura comecaram-me a fazer alguma confusão. Pareciam pessoas desenhadas nas paredes, que assistiam ali, a minha triste figura.
Foi então que olhei á minha volta, e apercebi-me lentamente que seria a ultima vez que ali iria estar.
Aquela cama, onde tantas vezes tinha chorado, os cortinados oferecidos pela minha mãe.
A minha mãe... que seria dela. Fiquei preocupado, mas era tarde. Recordei então, aqueles passeios dados no jardim que ficava ao pé da casa dos meus pais. A minha mãe, sempre que pudia, levava-me até lá, e quando chegava a hora de voltar para casa, a minha mãe pegava em mim, abraçava-me e ao meu ouvido dizia que me amava.
Nessa lembrança, escrevi o seu nome no vidro já embaciado da minha cansada respiração. Foi ai que deixei cair a beata no chão, sem forças para colocar o pé em cima dela para a apagar.
Que tinha eu feito afinal...
Aí chorei..
O telefone voltou a tocar, mas no mesmo sitio ficou. Estava ao lado da moldura dos meus pais. Eram lindos. O meu pai tinha morrido já á algum tempo. Recordei tambem aquela ar imponente, forte. Não tenho grandes recordações com o meu pai, e tambem não o culpo disso, certamente que me amava, assim como eu o amei e ainda o amava. Sorri naquele momento, não sei se por felicidade, ou por saudade de tudo aquilo que sabia que iria deixar.
Nesse relampago de segundos tomei realmente consciencia, do que tinha feito. Olhei aquela caixa de comprimidos na minha comoda, e o copo vazio. É claro que sabia o que tinha feito, mas vendo-me ali naquele acto consumado, apercebi-me realmente que esta a chegar a hora.
Num sorriso descansado, fechei os olhos. Fiz um pedido de desculpa dentro de mim, para todos aqueles que iriam sentir a minha falta, dizendo que os amava. Deveria ter dito olhos nos olhos, mas nunca tive coragem.
Aliviado, senti o meu corpo pesado levando-me para baixo.
Despedi-me de mim mesmo, e senti o ultimo suspiro saido do meu peito.

Sonho esquecido

Naquela noite, sonhei...
Tão mágica aquela noite, em que sonhei...
Foi realmente fantastico aquele sonho...
Todo aquele maravilhar estampado no meu rosto, era visivel que tinha sonhado...
Mas não foi um sonho qualquer, tinha sido um sonho especial...
Um sonho que me fez voar...
Um sonho transparente...
Uma noite suada dauqele sonho, que ainda me faz pensar..
e tentar lembrar..
o que realmente me fez maravilhar...
se do sonho nao me consigo lembrar...