
Aquela janela velha questionava todo o meu ser. Esta sentado na relva verde do meu jardim, e ali permaneci muito tempo, como muitas vezes o fazia. Recordo-me que era noite e apenas se avistava as luzes do passeio, refletidas naqueles vidros sujos, daquela janela que tantas vezes despertava a minha atenção. Não me lembro de adormecer, lembro-me apenas do meu pai pegar em mim ao colo e levar-me para o meu quarto. Embora não me lembre, sei que voltei a adormecer, e sonhei.
Sonhei que vivia na casa do lado, e que aquela janela que me questionava o interese, era a janela do meu quarto. O sonho era perfeito.
Mas a unica coisa que me questionava era o porque daquela janela mexer tanto comigo.
Eu era filha unica, e viva so com o meu pai. A minha mãe tinha morrido, e até hoje não sei o que se passou naquele dia, e tambem não ousava em perguntar ao meu pai, porque sabia que o assunto era delicado e que ele não gostava de falar disso.
Sonhei a noite toda, e num cenário quase perfeito, recordo-me da minha mãe, sentada na sala junto da lareira. Aproximei-me dela e deitei-me a seus pés, numa manta feita pela minha avó, em que a lareira me aquecia, e adormeci. Notei que o meu sonho se aproximava muito da realidade, pois eu tinha vivido tudo aquilo. Mas da minha infancia só me recordo até esse momento. Tudo aquilo que envolvia a morte da minha mãe, parecia que tinha sido engolido, e colocado num poço escuro ao qual eu não tinha acesso.
Mas nessa noite em que sonhei, recordo-me de ter pensado que o passado se iria colocar diante dos meus olhos. Então lembro me de ter a consciencia plena de que não podia nem queria acordar.
Mas sabia que isso não dependia de mim, e isso deixava-me ainda mais frustrado.
Foi ai que me lembro de ter visto a minha mãe a subir as escadas e ir em direcção ao meu quarto... mas o que iria ela lá fazer.
Nesse instante que abri a porta para ver o que ela la tinha ido fazer, que o meu pai me acordei dizendo que esta na hora de ir para a escola. Parecia que o meu proprio pai nao queria que soubesse a verdade. No entanto eu sentia que aquela janela não me era estranha...

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